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Seja sempre o Bem vindo

YOGA’S CITTA VRTI-NIRODHAH

Yoga é a inibição das modificações da mente
(Patânjali –Sec. II ou IV DC )

Somos seres espirituais. Cada um de nós, em Essência, é um Ente Divino. Nossas potencialidades são infinitas. Descobri-las é um feito fantástico. Dinamizá-las e manifestá-las é nosso maior desafio (além de ser um direito exclusivamente nosso). Ao aceitá-lo, assinamos um pacto com a Vida, renunciamos ao espectro da morte, abandonamos a perspectiva de uma existência humanamente frágil, enriquecemos nossa habilidade de viver e nos tornamos efetivamente capazes de ajudar o mundo a ser melhor.

Eis o objetivo, tão pura e simplesmente, do Yoga. Sem subterfúgios, sem tolas discussões sobre formas, acentuações gráficas e outras meras modalidades mercadológicas. Yoga é para ser praticado sempre sem perder de vista o desabrochar do Divino, a superação da egolatria, a vitória final sobre as sombras da ignorância fundamental. Superada esta é que ocorrerá o Grande Despertar e, finalmente, a Porta do Sol irá se abrir.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Aniversário

O Natal é um dia especial de aniversário. Os símbolos do Natal têm um significado profundamente espiritual. A Árvore de Natal, o pinheiro, aponta para o alto, vitorioso, galhos em círculos, como se fossem a escada do céu. Tais galhos, aparentemente frágeis, não se vergam, muito menos se quebram, sob o  peso da neve. A friagem de gelo não consegue desbotar o intenso verde de suas folhas. A Árvore de Natal representa a força, o vigor de nossos espíritos, em sua gloriosa caminhada de libertação, apesar de todas as vicissitudes, para o encontro, enfim, com o Oceano da Luz Divina, como nos lembram as coloridas luzes do Natal.
É preciso comemorar o Natal, um dia tão especial de aniversário. É maravilhoso dividir essa alegria, a Alegria do Natal, com nossos semelhantes, distribuindo tantos presentes, dividindo a fartura da mesa, rindo, rindo muito, e até chorando de tanta emoção. Compra-se muito, bebe-se muito, come-se muito no Natal. O Natal é mesmo um dia especial de aniversário...
Pena que tão poucos se lembrem de homenagear o Aniversariante. A maioria sequer pronuncia Seu Nome.
Ele veio das Claridades, do Ouro.
Ele veio dos Infinitos e Sonhos.
Ele veio dar Juventude e Vida. 
Ele veio. Ele veio...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Respiração e mente serena

A respiração pode ajudar na indução da mente a um estado de maior serenidade. Para tanto, eis um exercício bem simples que praticamos no Yoga, para ser executado de pé ou sentado e que pode ser aplicado em qualquer momento da rotina diária, inclusive em pequenos intervalos da sua atividade profissional. Com o rosto sereno, inteiramente desanuviado, olhos mansamente fechados, corpo igualmente descontraído, inspire suave e silenciosamente; retenha o ar por alguns instantes, sem chegar a sentir desconforto; solte-o em seguida, de forma ainda mais suave, e permaneça com os pulmões vazios, também por alguns confortáveis segundos. Repita o processo por alguns minutos, sem ruidos para inspirar ou expirar, sem fazer força, sem contrair as narinas.
Durante a prática, é fundamental manter a atenção exclusivamente no que está sendo feito. Saboreie cada fração de segundo da respiração. Ao inspirar, imagine que, além do oxigênio, que irá reforçar a nutrição do sangue e das células, você está atraindo a própria Energia Divina, a Energia Cósmica. Imagine-se inspirando uma corrente de radiante luz. Com os pulmões cheios, durante a retenção do alento, veja-se inteiramente inundado por essa mesma luz. Na igualmente suave expulsão do ar, imagine o contrário: junto ao gás carbônico e às demais impurezas, a expiração está eliminando tudo aquilo que for perturbador da harmonia física, psíquica, mental e espiritual. Com os pulmões vazios, sinta-se inteiramente aliviado dessas perturbações. Com tal simplicidade, é possível adotar a prática várias vezes ao dia. Experimente-a, também, momentos antes de dormir, para obter um sono mais tranquilo e restaurador.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Respiração e personalidade

"Há uma estreita relação entre a personalidade profunda ou nível inconsciente e a respiração, também denominada profunda; assim como entre a personalidade consciente ou superficial e a respiração superficial".
A informação é do psicólogo e especialista em Hatha Yoga Antonio Blay, em seu livro "Fundamento e Técnica do Hatha Yoga" (Edições Loyola, São Paulo, 1971), no capítulo dedicado à respiração. Prossegue ele: "Quando dizemos respiração profunda, referimo-nos a uma autêntica profundidade, que quer dizer também totalidade. Em geral, o ser humano não sabe o que seja respirar profundamente. Confunde-o com o inspirar com muita força, como encher os pulmões sob pressão, com risco de prejudicar inclusive seu próprio organismo. Não, o homem não pode respirar totalmente, porque o homem está entupido".
Diz, ainda, Blay: "Respirar totalmente implica em relacionar-se inteiramente com o mundo que nos rodeia, sem temores, restrições ou reservas, com todo nosso ser. Porque, se há tensões emocionais reprimidas, existem também contrações musculares inconscientes que impossibilitam qualquer ação livre. É toda a pessoa que respira e não apenas seus pulmões e seu diafrágma. É toda a pessoa que se expressa biologicamente através da respiração, como em qualquer outro aspecto vital. E se a pessoa, em seu íntimo, está reprimindo algo, necessariamente se expressará reprimindo também sua respiração".

sábado, 28 de novembro de 2009

Você sabe respirar?

É fundamental entender a importância das implicações psicológicas e espirituais contidas no ato de respirar.Há publicações especializadas sôbre o assunto, principalmente as que se referem às técnicas de Pranayama,  que convém consultar. Prana significa alento vital. Yama quer dizer controle, pausa, retenção. Pranayama, portanto, é a técnica de controle das energias vitais, inclusive as mais sutis. Controle que se exerce principalmente pela respiração.
Confira, agora, se você respira corretamente. Talvez você se surpreenda com a conclusão. Faça essa experiência de maneira muito suave: a inspiração deve ocorrer com a simultânea projeção do abdômen; já a expiração, ao contrário, fará o abdômen recuar.
É assim que se utiliza corretamente o diafrágma, principal músculo da respiração, espécie de cinta, na base da caixa toráxica, como se dividisse o corpo humano ao meio. Observe o movimento da barriguinha dos bebês, durante a respiração: ela se expande, na inspiração, e se retrai, ao expirar. Com o tempo, a tendência da esmagadora maioria dos seres humanos é inverter esse processo, ocasionando uma série de prejuizos à harmonia físico-mental.
Sempre há tempo para corrigir um erro tão grave e tão comum. Treine bastante, o tempo todo, já que não se vive sem respirar... O assunto será retomado nas próximas postagens.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Porque Sofremos - 6

A intenção de reconhecidos sábios, como Patânjali, ao nos legarem preciosas conceituações como a dos Kleshas, destina-se a nos levar a identificar as verdadeiras origens de nossa escravidão e as formas de vencê-las. Trata-se, é verdade, de um quadro tenebroso, aqui apenas sintetizado para acentuar a necessidade que temos de buscar a vitória sobre Avidya (a ignorância fundamental). Ao desmoralizar Avidya, gradativamente desmascarando cada engôdo que dela resulta, passamos a melhor entender o significado desta conclusão dos Upanishads sobre o estado da criatura assim desperta: "Um homem cego não é mais cego, um homem ferido não está mais ferido, e um homem que sofria já não sofre mais".

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas 4 e 5

Dvesha - Aversão. O que ameaça nossos apegos deve ser repudiado. A intolerância, o preconceito e o ódio, por exemplo, são típicos das situações criadas por Dvesha, razão de tantos e conhecidos infortúnios.
Abnivesha - Apego à existência ou, simplesmente, medo de morrer. Imersos em avidya (a ignorância cósmica), sem a perspectiva espiritual, tendo obscurecida a consciência da inerente divindade do ser, acentua-se em nós o temor de deixar o palco da vida de superfície que tanto nos atrai. O medo do desaparecimento físico é proporcional à ausência da confiança em Deus.
Como se vê, um mundo de tensões e ansiedades tem origem nos Kleshas, levando-nos - felizmente com muita frequência - a nos sentirmos imprestáveis, a buscar algo que nos conduza para fora da região turbulenta do atrito, do litígio, do choque de paixões. Felizmente, porque quase sempre é assim que somos melhor despertados - pela dor.

sábado, 7 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas - 2 e 3

Asmita - Egoísmo. A ignorância (Avidya) de nossa verdadeira condição (a condição divina) impulsiona a ação voltada para a satisfação de meros projetos pessoais, alienando o projeto divino. Faz-nos acreditar que somos, apenas, seres sociais. Leva-nos a viver somente para a busca e a afirmação dos valores que representam o meio em que vivemos. O que acaba por reforçar o egoísmo.
Raga - Apego. Ignorando o projeto divino, priorizamos o interesse humano, relegando a busca espiritual. Nosso esforço é dirigido para o que mais nos gratifica os sentidos (até mesmo sob formas muito sutis) e sua retenção junto de nós. Desde uma ambição desmedida, até uma ação caridosa, são inúmeras as armadilhas de raga. Em resumo, elegemos o que a ignorância cósmica (Avidya) nos faz considerar melhor, acentuamos o egoísmo (Asmita) e nos apegamos ao resultado. Raga gera mais frustrações, já que somos incapazes de reter qualquer objeto ou situação para nossa satisfação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas

Para o Yoga, o que nos leva ao sofrimento parte de um pernicioso condicionamento mental. Tão pernicioso que nos torna incapazes de perceber o que a vida nos reserva além do que nos chega através dos sentidos comuns, induzindo-nos a buscar a felicidade, principalmente (ou, nos casos mais graves, exclusivamente) na satisfação desses mesmos sentidos. O que provoca esse condicionamento é chamado pelo Yoga de Kleshas (pronuncia-se com o "e" fechado). Literalmente, a palavra sânscrita significa dor, aflição, miséria, tendo seu uso continuado, porém, passado a representar as causas da dor existencial, isto é, os transtornos  do existir, do viver para o que está do lado de fora do ser, no mundo objetivo.
Kleshas são os obstáculos no caminho para a busca de níveis de consciência superior. Impedem ou retardam nosso avanço espiritual. Dificultam o desabrochar, o desenvolvimento e a plenificação do que temos de mais refinado, da qualidade divina latente, comum a todos nós. Enquanto qualquer um dos Kleshas prevalecer, continuaremos subjugados à insegurança psicológica, afeitos a rancores e temores, sem condições de desfrutar da felicidade perene, procurando-a, em vão, num mundo exclusivista, impondo barreiras à manifestação dos nossos indispensáveis e permanentes atributos divinos.
Patânjali, o sábio indiano codificador do Raja Yoga, o Yoga Real (veja o texto de abertura deste Blog), estabeleceu em cinco o número de Kleshas, síntese até hoje considerada admirávelmente perfeita para o estudo e a reflexão filosóficos. Para tornar mais agradável a presente leitura, cada um dos Kleshas será publicado em postagens diárias sucessivas, a partir do primeiro, que origina os demais.
Avidya - Ignorância, no sentido cósmico (a palavra Vidya quer dizer Sabedoria: o sufixo "a" lhe dá  significado contrário). O que julgamos verdadeiro não passa de um embuste, porque sujeito ao ciclo nascimento-morte-nascimento. Mesmo assim é o que mais valorizamos, dada a sua grosseira evidência e em face do nosso envolvimento por Avidya, que nos faz viver para o fenômeno e desprezar o nômeno. Em grego, fenômeno significa irreal e nômeno, real. Em consequência, permanecemos sujeitos às existências sucessivas (reencarnações), no mundo dos fenômenos, no mundo de Avidya - onde prevalece o sofrimento.

sábado, 31 de outubro de 2009

Um Lugar Especial

Se você tiver condições, separe um cômodo especial para meditar. Mantenha o local sempre muito limpo, arejado e utilize-o somente para as práticas, inclusive de respiração e relaxamento. Ali você também poderá estudar a literatura enriquecedora do Espírito ou ouvir música suave. Enfeite o local com algumas flores naturais e queime incenso de boa qualidade.
Um local como esse, somente alguém muito especial, que se identifique plenamente com os seus ideais de evolução espiritual, poderá partilhar. Utilizando-o assim, em pouco tempo a atmosfera do cômodo estará saturada das melhores vibrações, das mais suaves e sutis energias, melhor favorecendo a prática da Meditação.
O lugar ideal para meditar, no entanto, quem fará é você e seu sincero interesse. Nesse caso, a Meditação estará onde você estiver, quando você desejar e se dispuser a praticá-la, sem vínculos, apegos ou qualquer dependência das condições externas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O mundo é a mente

Etmológicamente a palavra divertir, do latim divertére, significa "ir-se embora, afastar-se". Quando nos propomos à diversão, é com o intuito de nos afastarmos dos problemas, dos inconvenientes cotidianos, dos transtornos comuns ao ser humano. Quando permitimos a inquietude natural, típica, da mente, nós a autorizamos a se afastar, "a ir embora", para continuar se dissipando, se enfraquecendo, se alienando e nos alienando da Fonte do Espírito. Eis a normalidade que a meditação é capaz de corrigir.
Convém refletir sôbre essas palavras de Ramana Maharishi, o Sábio da Montanha Sagrada ( 1878-1950): O mundo e a mente aparecem e desaparecem juntos como um só; mas, dos dois, o mundo deve o seu aparecimento apenas à mente. Só é real Aquilo onde esse par inseparável, o mundo e a mente, aparece e desaparece. A Realidade, que é a única infinita Consciência, nem aparece, nem desaparece.

domingo, 25 de outubro de 2009

YÔGA É YOGA E IOGA

Não é verdade que haja diferença entre Yoga e Yôga.
Nosso idioma utiliza o som aberto  para a letra "o" (como em a, e, i, o, u). Em sânscrito, origem da palavra yoga, as vogais "e/o" não têm pronúncia aberta, o som é fechado: "ê/ô". Yôga é a  pronúncia correta em sânscrito. Apenas isso.
O "Y" não faz parte do nosso alfabeto e é comum substitui-lo pelo "I". Logo, Yoga e Ioga, com pronúncia aberta  ou fechada,  representam  a mesmíssima coisa. E, em ambos os casos, não há a menor necessidade de acento gráfico diferencial.  Igualmente não é verdade que Yoga não ofereça  resultado terapêutico. Também é falsa a informação de que apenas jovens podem praticar Yoga.
O que diferencia o Yoga não é um acento gráfico, é a intenção de quem o adotou como objetivo. É possível praticar Yoga em  busca de resultados físicos e/ou psíquicos (os tais "poderes"), desvinculando-a dos mais elevados interesses espirituais e do atingimento divino, fugindo, assim, do ensinamento ancestral que os verdadeiros Mestres Yogues nos legaram. Apenas fortalecer o ego é opção que exige muito menos empenho e, por isso mesmo, é tão oferecida (vendida), a começar pela própria India.  Diga Yôga, como em sânscrito, e faça Yoga ou Ioga, como bom brasileiro...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mergulho Profundo

As cinco cores fazem cegos os olhos humanos. As cinco notas tornam surdos os ouvidos. Os cinco gostos injuriam o paladar. As corridas e caçadas desencadeiam no coração paixões furiosas e selvagens. Os bens de difícil obtenção deixam-nos feridos de encontro a perigosos obstáculos. Por esse motivo, o sábio se ocupa do interior e não do exterior dos sentidos. Rejeita o superficial e prefere mergulhar no profundo. (Lao Tsé).

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Pensamento

A natureza mental é o resultado do que pensamos, é dirigida pelos nossos pensamentos, feita pelos nossos pensamentos. Se alguém fala ou age movido por um mau pensamento, o sofrimento o seguirá como uma consequência, como uma roda segue o passo do boi que puxa a carroça. Se alguém fala ou age movido por um pensamento puro, a felicidade o segue como uma sombra e nunca o abandona.
(Dhammapada: o Caminho da Lei, considerada obra básica do Budismo).




Meditar é Preciso – 4

A prática da Meditação exige perseverança, sem a qual torna-se muito difícil aplicar-se à arte de Meditar. Assim, aos poucos, é que se consegue remover da mente a contaminação venenosa da superfície, gerada por anos e anos desse exclusivo contato.
O importante é não ceder aos primeiros obstáculos, nem se desapontar de vez, imaginando, por exemplo, que "não sou capaz de me concentrar". Saiba: todos nós, com maior ou menor intensidade, temos essa dificuldade, que, inclusive, pode variar com o momento que se está vivendo. E é justamente por isso – consequência da natureza indisciplinada da mente – que devemos meditar, para mudar essa característica, como pouco a pouco irá acontecendo, até atingirmos estágios mais profundos e elevados de comunhão com a qualidade Divina em nós.
A comunhão total (Yoga) ocorre quando cessa esse verdadeiro turbilhão mental, após um período que não temos condição de prever e que exige rigorosa aplicação e confiante e definitiva entrega a Deus.

Meditar é Preciso – 3

Não se dedique à Meditação apenas para buscar os benefícios físicos e psíquicos que a prática regular concede. É a meta da maioria, que conta, inclusive, com o incentivo de renomados instrutores, colecionadores de títulos (alguns auto concedidos) e de visível sucesso comercial.
Tais benefícios são importantes e é legítimo procurá-los, mas, isoladamente, servem apenas para aprimorar o ser superficial, demonstrando que o praticante ainda imagina, ingenuamente, ser possível obter felicidade servindo-se do mundo e dos demais, ao invés de também dedicar-se ao serviço para o bem comum.
Meditar, sem o firme propósito do atingimento espiritual, é permanecer com a consciência vazia de Divindade, e não existe pior sofrimento. É continuar sendo mais um medíocre entre os medíocres, fadado à dissolução, desmobilizado do principal desafio a que é chamado o ser humano – o desafio de encontrar Deus em si próprio.

Meditar é Preciso – 2

Pouco a pouco afrouxando os laços da ligação perniciosa com a superfície, até eliminá-los, a Meditação oferece, como resultados mais imediatos, a dissipação de inúmeras mazelas físicas e psíquicas. É um valioso tratamento para os incômodos do estresse, tornando-nos hábeis administradores da tensão e de todas as perturbações próprias do meio social em que vivemos. Praticada sistematicamente e acompanhada de outras ações que contribuem para a manutenção do equilíbrio físico e psíquico (alimentação e outros hábitos saudáveis), a Meditação é poderoso remédio contra angústia, ansiedade, insônia, fobias, combatendo a timidez e nutrindo permanente sentimento de autoconfiança, de suave e estimulante euforia.
A Meditação reeduca a mente, através de uma nova e profunda sintonia, caminho para o despertar e o amadurecer do Ser Espiritual que somos.
A Meditação abre as portas da inspiração e da intuição.
Aguça a inteligência.
Ilumina a Sabedoria.
Recicla e aperfeiçoa a habilidade para o próprio viver social, mas um viver solidário, amoroso, fraterno – e por isso mesmo indescritivelmente feliz.
"Não podem chegar à verdadeira ciência aqueles que não entraram nessa Paz, pois, sem a Paz e sem a calma, não é possível existir Sabedoria, nem Felicidade". (Bhagavad Gita - II-66).

Meditar é Preciso – 1

"Com a mente saturada de plenos e claros conhecimentos a cerca da verdadeira natureza do Espírito; sendo perseverante no governo da mente; tendo abandonado toda aliança com objetos sensórios e estando livre de influências do apego e do ódio; sendo frugal na dieta e com a palavra, o corpo e a mente educados na obediência, sente-se ele num lugar solitário e pratique sempre a Meditação, cultivando o desapaixonamento. Finalmente, banido de si, o egoísmo, a resistência, o orgulho, o desejo, o rancor e o senso de posse, alcançará ele aquela Paz que o capacitará a unificar-se com Deus". (Bhagavad Gita, XVIII-51-52-53).
A posição correta para meditar é aquela em que o praticante senta-se comodamente durante o tempo que quiser, com a coluna ereta, sem exageros, o que facilita a estabilização da mente. Esta se inquieta ainda mais, quando o corpo se inquieta. Prefira um canto reservado, onde você possa ficar sem interrupções. O melhor momento é às primeiras horas da manhã, entre 4 e 6 horas, quando é menor a contaminação psíquica do meio ambiente, disciplina nem sempre possível em face dos afazeres e do cansaço diários. Faça, então, o seu próprio horário, em qualquer pedaço do dia. Regularidade é fundamental. Sente-se numa superfície firme, forrada com alguma manta ou coberta, ou utilize uma almofada igualmente firme.
Deixe que a respiração aconteça, simplesmente flua, sem ser provocada ou desejada; que seja normal e espontânea, sem quebra do ritmo natural. Dirija a atenção para o interior das narinas e assim permaneça, percebendo a respiração, sem interferir, sem modificar o seu ritmo. Todas as vezes que houver distração – e serão muitas! – bastará trazer a atenção de volta, para o simples registro da passagem do ar.
Não lute nem se contrarie com as dispersões da mente, que poderão ocorrer em maior ou menor número a cada dia de prática. Procure meditar pelo menos 20 minutos diários. Aumente o período gradativamente. E o estado de harmonia, de serenidade, de profunda lucidez e branda euforia passará a se prolongar cada vez mais. É apenas o começo de se descobrir Divino.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Imutável


Ao mirar-se na corrente da vida, o homem diz: "Esse sou eu". Mas o verdadeiro Eu do Universo não tem causa nem autor. É eterno, transcende o alcance da mutabilidade. (De um sermão de Buda).
Seres humanos comuns,  iletrados ou não, somos  adestrados  pela cultura da informação gerada no meio social em que vivemos. Quer sejamos pessoas comuns, anônimas na multidão, ou qualquer tipo de celebridade ou liderança, somos o resultado dessa cultura. Ela é o nosso espelho, a "corrente da vida" acima mencionada, no qual nos miramos e nos reconhecemos. Ao mesmo tempo, representa um véu, obstáculo à manifestação do imutável em nós. Yoga é o rompimento desse véu.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sem Privilégios

A mente não é responsável pela desordem dos pensamentos, pelo caos interior.
A mente é um órgão humano como outro qualquer. Está à nossa disposição para ser utilizada como preferirmos.
A mente precisa ser preparada para a qualidade do Espírito, para o Ser Divino que somos em potencial.
Não importa a corrente religiosa a que cada um de nós pertença.
A Consciência Divina é para os que desejam alcançá-la. Não há exceção, ou grupo "escolhidos".
Todos os Santos foram seres humanos.
Todos os seres humanos serão Santos.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Caminhe e Medite

Aprenda a meditar durante as caminhadas. Aliás, habitue-se a caminhar. Ao contrário da corrida, que exige um bom preparo físico, ou certo sacrifício até adquiri-lo, a caminhada pode ser praticada por qualquer um, em qualquer tempo, em qualquer idade. Caminhar, além do imenso bem à nossa saúde, pode ajudar-nos no desenvolvimento da introspecção, tão necessária ao desenvolvimento espiritual. Esqueça a tagarelice, tão comum entre os que caminham acompanhados. Deixe em casa o celular, não ofereça aos ouvidos qualquer tipo de música. Aprenda a caminhar em silêncio, no litoral, no campo, como estiver ao seu alcance. Quando em grupo, recomende isso aos demais. Silencie a voz, mas não solte a mente. Caminhando em silêncio, registre o canto dos pássaros, ou o murmúrio das águas. Na área urbana, há um grande número de ruídos, alguns bem inconvenientes. Em lugar de sentir o incômodo, apenas registre esses ruídos, sem qualquer avaliação. Perceba o rumor dos passos, o movimento dos braços, o ritmo da respiração. Mas não conceda à mente fazer qualquer "discurso" sobre o que for percebido. Ao surpreendê-la especulando, retome o processo de conscientização, do registro puro e simples do que for visto ou ouvido. E enriqueça a sua vida com essa simples e maravilhosa forma de meditação.


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fumaça

A desesperança, o desalento, a inaptidão para viver, o egocentrismo, os estados de carência, boa parte dos desvios psíquicos e das mazelas físicas, são resultado da nossa inabilidade espiritual, ou da total ignorância em relação à nossa verdadeira identidade. Todos lutamos para ser felizes, mas a grande maioria segue confundindo felicidade com o prazer resultante de qualquer conquista ao alcance do ser humano comum.
O Bhagavad Gita nos ensina: "A Luz da Sabedoria está obscurecida pela fumaça da ignorância. O homem ilude-se com isso, pensando que a fumaça é a chama, não podendo enxergar esta atrás daquela". (Cap. 5 / Vers. 15).
Ultrapassar esse estado equivale a vencer as trevas do sofrimento, como assinala o versículo seguinte do mesmo Gita: "Mas aqueles que são capazes de transpor a fumaça percebem a clara luz do Espírito, que brilha como uma infinidade de sóis, livre, sem o véu que a esconde às vistas da maior parte dos homens".

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Projeto Divino, Projeto de Vida

Aos que se sentem vazios e sem perspectivas. Aos que se encontram em qualquer das encruzilhadas do caminho, experimentando a terrível incerteza e a pertinaz insegurança que lhes impedem vislumbrar a almejada solução. Àqueles que se consideram incapazes de superar o desânimo, a apatia, a ausência de disposição para a luta - a todos, convém recordar: somos seres espirituais.
Os que exploram os menos favorecidos. Os que se habituaram a dialogar com as sombras e a se nutrir da penumbra. Os empedernidos e despidos de ética. Os covardes, traidores e hipócritas. Os embebidos e empanturrados de poder. Os aproveitadores e bajuladores de sempre. Os criminosos explícitos e implícitos - também todos esses, é preciso lembrar, são seres espirituais.
O ser humano, protótipo divino, enquanto não adquirir consciência desta sua verdadeira condição e não se dispor a aperfeiçoá-la, estará submisso aos condicionamentos e às armadilhas da existência, onde a dor é inevitável e prevalece.
Jamais será completo qualquer projeto de vida que não seja acompanhado pelo simultâneo empenho em busca do crescimento do Espírito.
À medida que ampliarmos nossa opção pelo Projeto Divino, tudo o mais nos será acrescentado.

sábado, 3 de outubro de 2009

Propósito de Deus

Eis um dos luminosos ensinamentos de Sathia Sai Baba, o maior fenômeno espiritual dos dias que correm: "Cada um tem de exercitar Purusha (a Vitalidade, o Espírito), pois sem Purusha a própria vida é inviável. Viver é empenhar-se, esforçar-se e atingir. Deus criou o homem para que possa se entregar ao talento do Espírito (Purusha) e chegar à vitória. O propósito de Deus não é fazer do homem um consumidor de alimentos, uma pesada carga sobre a terra, um animal escravo dos sentidos. Ele não quis formar uma horda de preguiçosos e desfalecidos, que se encolha frente ao trabalho duro, acumulando gordura e crescendo em monstruosas formas. Deus não criou o homem com a idéia de que ele, enquanto vivo, ignorando seu Criador e negando o Atma (a Centelha Divina em cada um), vadie feito animal, permitindo o desperdício da inteligência e do discernimento, perambulando sem um til de gratidão para com o Doador de todos os bens que ele consome e desfruta". (Sadhana, o Caminho Interior. Ed. Record, Nova Era, 1989).

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fonte Divina

Quando nos iniciamos na disciplina da Meditação, deixando-nos ficar confiantes e entregues, imersos no profundo silêncio do abismo infinito em nós, começamos a romper com as limitações que caracterizam o ser humano comum.
Passamos a nos nutrir na Fonte Divina do Conhecimento, oculto aos olhos da massa, embora permanentemente à disposição de todos. Começa a desidentificação com o ser social vulgar.
Aos poucos, desfazem-se os vínculos com as preferências ou com o modelo seguido pelas criaturas ligadas à cultura da superfície. Cresce a capacidade de discernir, o impulso de servir desinteressadamente, de amar sem exclusivismos.
Aumenta a disposição de luta pela transformação da Sociedade, na busca de uma convivência igualitária, mas sem os componentes doentios do ódio, da revolta, da intolerância com os que não comungam com nossas idéias, da cegueira religiosa, ideológica ou partidária.
É o ego sendo enfraquecido, para a manifestação do brilho, do esplendor, da amorosa, imparcial e redentora contribuição do Divino.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma Descrição do Êxtase Divino

O êxtase da Consciência Divina, ou Samadhi, meta de todo aspirante do Yoga, está maravilhosamente descrito por Paramahansa Yogananda, em sua Autobiografia de um Yogue (Bestseller, SP), num impressionante relato do primeiro atingimento que obteve, graças à interferência do seu Guru, Sri Yukteswar. Leia a seguir:
"Meu corpo tornou-se imóvel como se tivesse raízes. O alento saiu de meus pulmões como se um ímã enorme o extraísse. Instantaneamente o espírito e a mente romperam com sua escravidão ao físico e jorraram de cada um de meus poros com luz perfurante e fluida. A carne parecia morta e, contudo, em minha intensa lucidez, eu percebia que nunca antes estivera tão plenamente vivo. Meu senso de identidade já não se achava confinado à estreiteza de um corpo, mas abarcava os átomos circundantes".
"Pessoas em ruas distantes pareciam mover-se suavemente em minha própria e remota periferia. Raízes de plantes e árvores eram percebidas através de uma tênue transparência do solo e eu distinguia a interna circulação da seiva. A vizinhança inteira surgia desnuda diante de mim. Minha visão frontal comum havia se transformado em vasto olhar esférico que percebia tudo simultaneamente. Através de minha nuca, vi homens caminhando além da distante viela da Rai Ghat e também notei uma vaca branca aproximando-se preguiçosamente. Quando ela chegou à porta aberta do ashram, observei-a como se o fizesse com meus dois olhos físicos. Depois que passou para trás do muro de tijolos do pátio, continuei a vê-la claramente."
"Todos os objetos dentro de meu olhar panorâmico tremiam e vibravam como rápidos filmes cinematográficos. Meu corpo, o corpo de meu Mestre, o pátio com suas colunas, a mobília, o assoalho, as árvores e a luz do sol, tornavam-se, de vez em quando, violentamente agitados, até que tudo se fundia num mar luminescente, assim como cristais de açúcar mergulhados num copo d'água diluem-se depois de sacudidos. A luz unificadora alternava-se com materializações de formas e as metamorfoses revelavam a lei de causa e efeito na criação. Uma alegria oceânica rebentava nas praias serenamente intermináveis de minha alma. Atingi a realização de que o Espírito de Deus é beatitude inesgotável. Seu Corpo compreende incontáveis tecidos de Luz".
"Um sentimento de glória crescente dentro de mim começou a envolver cidades, continentes, o planeta, os sistemas solares e as constelações, as tênues nebulosas e os universos flutuantes. O cosmo inteiro, suavemente luminoso, semelhante a uma cidade vista de alguma distância à noite, cintilava dentro da infinidade de meu ser. Para além de seus contornos definidos, a luz ofuscante empalidecia ligeiramente nos confins mais longínquos; ali eu via uma radiação branda, que nunca diminuía. Era indescritivelmente sutil; as figuras dos planetas constituíam-se de uma luz mais densa".
"Os raios luminosos dispersavam-se oriundos de uma Fonte Perpétua, resplandecendo em galáxias, transfiguradas com auras inefáveis. Vi, repetidas vezes, os fachos criadores condensarem-se em constelações e depois dissolverem-se em lençóis de transparente chama. Por reversão rítmica, sextilhões de mundos transformavam-se em brilho diáfano e, em seguida, o fogo se convertia em firmamento. Conheci o centro do empíreo como um ponto de percepção intuitiva em meu coração. Esplendor irradiante partia de meu núcleo para cada parte da estrutura universal. O beatífico amrita, néctar da imortalidade, corria através de mim, com fluidez de mercúrio. Ouvi ressoar a Voz Criadora de Deus, o Prânava OM, a vibração do Motor Cósmico".

sábado, 19 de setembro de 2009

Simplicidade da Essência

Nós, seres humanos, como regra geral, vivemos perturbados pela desordem dos pensamentos, impossibilitados de vislumbrar a Luz, imersos que estamos na penumbra de temores, apegos e aversões; do fugidio prazer, da inevitável, indescritível e intransferível dor. É o nó na garganta, o suor frio, o corpo trêmulo, o coração descompassado, a sensação de vazio... É a impossibilidade de praticar os atos mais corriqueiros, como ser cordial com os demais, ou os mais essenciais, como conciliar o sono no momento propício.
Recorro a Krishnamurti (1895/1986), que adverte: "Mesmo quando repetimos certas palavras de profunda significação, vivemos, em geral, num mundo verbal, num mundo de ações e emoções superficiais. Nossa mente é sem profundidade, mesquinha, estreita, e um dos problemas mais importantes da vida é como tornar essa mente profunda, rica e serena. A mente carregada de conhecimentos, não é uma mente rica. Só o é aquela que penetrou fundo em si mesma e descobriu seus próprios e inumeráveis recessos, suas secretas idéias e motivos, e é capaz de penetrar e transcender o pensamento". ("O Homem Livre", Ed. Cultrix, SP, 1978).
O Yoga nos ensina que sem interesse e disciplina, sem coragem para se desfazer do supérfluo - tantas vezes disfarçado em imprescindíveis atributos intelectuais - será cada vez mais difícil ter acesso à simplicidade da Essência, à sempre renovada força do Universal em cada um, aos fundamentais e inesgotáveis recursos inspiradores e, efetivamente, transformadores do Espírito.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Filhos da Cultura Horizontal

A vida comum de uma criatura humana, ensinou Sri Aurobindo (1872/1950) "se compõe de uma massa parcialmente fria, parcialmente fluida, de pensamentos, percepções, sensações, emoções, desejos e alegrias defeituosamente ordenados: de atos que são, em maior parte, habituais e repetidos, todos centralizados em um ego superficial".
O extraordinário pensador e sábio indiano dizia que a vida, unicamente a vida, é o campo ideal para a prática do Yoga, isto é, "para a transformação de nossa maneira humana de pensar, sentir, ver e ser caracteristicamente superficial, estreita e fragmentária - em uma profunda e ampla consciência espiritual, em uma existência interna e externa integrada".
A orientação, portanto, é no sentido de harmonizar os interesses e os ideais humanos com o propósito divino. É dar à nossa existência a perspectiva do Espírito, um plano de vôo em que a meta a ser alcançada é a Consciência de Deus, em que cada atividade, cada ação ou intenção, em particular, sirvam, não de obstáculo, mas de apoio a esse encontro.
O ensinamento de Mestres Espirituais, como Aurobindo, frequentemente ressalta o fato de que nós, seres humanos, nos habituamos ao turbilhão do cotidiano, o que nos faz perder a capacidade de perceber a plenitude da vida se expressando à nossa volta.
De fato, é impressionante o número dos que se tornam vítimas da alienação, não só do ambiente em que vivem, como de si mesmos, como filhos da cultura horizontal.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Falsa Identidade

É no horizonte da nossa cultura de superfície que procuramos encontrar a felicidade, confundindo-a com o prazer proporcionado por qualquer conquista, quer seja a mais simples - como a aquisição de um bem - ou a mais complexa, como o poder de influenciar uma nação.
Com o Yoga aprendemos que a verdadeira felicidade é aquela que não se esgota em algum momento, que não depende de status social, de ocasiões, de coisas ou pessoas, de lugares ou situações. O prazer é fugidio, capaz de perdurar alguns segundos, ou duradouro, fadado a uma idade secular - em ambos os casos, finito.
A verdadeira felicidade é imutável. Deve estar onde o indivíduo estiver. A verdadeira felicidade é o estado perene da Consciência desperta, onde prevalece a comunhão com o Divino, fluindo sem os bloqueios, os obstáculos criados e alimentados, em nós, pela identidade que insistimos em defender e estimular, através dos valores exclusivos da cultura horizontal, de superfície. Uma falsa identidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Luz e Amor (2)

Uma das formas de identificar Deus, no idioma sânscrito, é a palavra Hari, que também pode ser traduzida por atraente. A cada momento somos submetidos a infindáveis atrações, que se sucedem num constante ir e vir, em sucessivas e intermináveis ondas, o que dá ao ser humano inconsciente da sua verdadeira condição - a condição essencialmente divina - o papel de mero joguete.
Agimos assim, semelhantemente a crianças, incapazes de resistir à atração de cada novo brinquedo. Por um tempo indefinido permaneceremos em busca do imediato e sujeito às suas ciladas, sem darmo-nos conta da mansa e amorosa atração de Deus.
Enquanto sujeitos a essas ilusões, enquanto não ocorrerem as libertadoras des-ilusões, continuaremos incapazes de desmascarar o esbulho das aparências, por trás das quais, no entanto, jamais deixa de brilhar a luz da atração divina. Deus é o todo atraente. É impossível resistir-Lhe ao chamado, porque há de chegar o dia em que a surdez do egoísmo cessará. É impossível resistir-Lhe à Luz, porque haveremos de nos cansar de conviver com a penumbra.
É essa mesma penumbra que nos impede de perceber a paz, onde se estabeleceu o conflito. É a mesma que nos leva à supervalorização da ação criminosa e à convicção da falsa vitória do corrupto.
É a plena confiança em Deus que nos estimula a esperança. E é a certeza de que o brilho divino apenas adormece no coração do facínora, que nos faz melhor entender o significado das palavras do Cristo, em relação aos impiedosos adversários: "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!"

sábado, 22 de agosto de 2009

Luz e Amor (1)

"Se Deus brilha, tudo brilha. É por sua Luz que brilham todas as coisas". A lembrança desse antigo raciocínio tecido pelos Mestres do Bhakti Yoga - o Yoga da Devoção - é de permanente utilidade para os seres humanos carentes de Deus em suas vidas.
Sabe-se que tal carência é maior ou menor, para uns e outros, mas a lição contida nesse ensinamento pode favorecer a todos, e em qualquer época, indistintamente.
A Luz Divina é Amor e o amor é a essência de tudo. Nada há que possamos fazer desprovido de amor - impulso de cada pensamento, de cada ação, de cada emoção. Quer seja a atitude mais altruísta ou o comportamento mais vergonhosamente egoísta, nada escapa ao princípio divino do amor. A dificuldade consiste em aprender a dirigir esse impulso. Todo veneno é remédio, e todo remédio pode ser transformado em veneno, dependendo do adequado uso. Individualizar o impulso divino do amor, restringindo-o, limitando-o ao cárcere humilhante do comportamento egoísta, é o que o descaracteriza, é o que ergue obstáculos à Luz. De Swami Vivekananda, Mestre do Bhakti Yoga, é a lição seguinte: "É o mesmo sentimento de amor, bem ou mal dirigido, que impulsiona um homem a fazer o bem e tudo dar aos pobres, enquanto que a outro homem faz-lhe cortar o pescoço de seu semelhante e apoderar-se de seus bens. O primeiro ama o próximo, tanto quanto o segundo a si mesmo. Enquanto no primeiro caso a direção do amor é reta e adequada, no segundo é má. O mesmo fogo que aquece nosso alimento pode também queimar uma criança. Se tal acontece, não é por culpa do fogo. A diferença reside na maneira em que este é utilizado. Também o amor, esse intenso desejo de união, o poderoso impulso dos seres que não querem senão ser um, e que poderá ser depois o desejo de todos se tornarem um, manifesta-se em todas as partes, sob formas mais ou menos elevadas, segundo os casos".
São Paulo, em uma de suas mensagens aos Coríntios, assim refere-se à importância do amor: "Se eu desse aos pobres tudo quanto tenho e fosse queimado vivo por pregar o Evangelho, e contudo não tivesse amor, isso não teria valor algum. O amor é muito paciente e bondoso, nunca é invejoso ou ciumento, nunca é presunçoso nem orgulhoso. Nunca é arrogante, nem egoísta, nem tampouco rude. O amor não exige que se faça o que ele quer" (...) "Todos os poderes especiais terminarão um dia. Porém o amor continuará para sempre". (Cor. 13/3-8).


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Prece do Yoguin

Senhor, estou aqui para adorar-Te em todas as imagens; nos santos de todas as religiões; em catedrais, sinagogas, capelas, mosteiros, mesquitas, terreiros; em ladainhas, terços, mantras, pujas, missas, rituais e oficios; em todos os altares; nas florestas, nas praias, nas ruas, nas casas, nas estradas, nos corações, em sorrisos e lágrimas, em todos, em tudo...
Vem ajudar-me, dando pureza, infinito, eternidade e universalidade a meu amor.
Eis-me aqui Senhor Jesus, Senhor Buddha, Matreya, Senhor Krishna, Maria de Nazaré, Ramakrishna, Mahoma, São Francisco, Baha U'lah, Inayat Khan, Sankara, Ramanuja, Ramana, Santa Teresa...
Eis-me aqui todos os Avataras, Rishis, Siddhas, Gurus, Mahatmas, Hierarcas, Santos conhecidos e desconhecidos...
Quero aprender o Amor que liberta.
Aqui estou, Senhor Supremo, para que me ajudes a vencer a frustradora ignorância; a afastar ilusões, enganos e encantos; a afastar-me dos opostos obsedantes; a retirar a venda de meus olhos... Já não me satisfaz o vulgar conhecer intelectual.
Quero agora vivenciar a Verdade que liberta.
Eis-me aqui, Senhor, como instrumento impessoal. Querendo apenas servir. Lança mão de mim em teu divino agir.
Quero aprender a empreender o Agir que liberta.
Faz da minha mente, meu Deus, o Teu sacrário.
Que Tua Paz a domine. Que Tua Luz a ilumine.
Diviniza, Senhor, minha mente.
Eis-me Senhor.
Tu és eu. Eu sou Tu.
(Do livro "Yoga Caminho para Deus", do Prof. Hermógenes)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Detalhes Secundários

"Toda alma é potencialmente divina. O objetivo é manifestar essa divindade interior, controlando-se a natureza interna e externa. Façamo-lo pelo trabalho, pela adoração, pelo controle psíquico, pela filosofia, por um só meio, por mais de um ou por todos, e tornemo-nos livres. Eis toda a Religião. As doutrinas, os dogmas, os rituais, os templos e as formas, são detalhes secundários". Swami Vivekananda (1863/1902).