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Seja sempre o Bem vindo

YOGA’S CITTA VRTI-NIRODHAH

Yoga é a inibição das modificações da mente
(Patânjali –Sec. II ou IV DC )

Somos seres espirituais. Cada um de nós, em Essência, é um Ente Divino. Nossas potencialidades são infinitas. Descobri-las é um feito fantástico. Dinamizá-las e manifestá-las é nosso maior desafio (além de ser um direito exclusivamente nosso). Ao aceitá-lo, assinamos um pacto com a Vida, renunciamos ao espectro da morte, abandonamos a perspectiva de uma existência humanamente frágil, enriquecemos nossa habilidade de viver e nos tornamos efetivamente capazes de ajudar o mundo a ser melhor.

Eis o objetivo, tão pura e simplesmente, do Yoga. Sem subterfúgios, sem tolas discussões sobre formas, acentuações gráficas e outras meras modalidades mercadológicas. Yoga é para ser praticado sempre sem perder de vista o desabrochar do Divino, a superação da egolatria, a vitória final sobre as sombras da ignorância fundamental. Superada esta é que ocorrerá o Grande Despertar e, finalmente, a Porta do Sol irá se abrir.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Destemor

A Sabedoria Sagrada garante: "Aquilo que é infinito é a Felicidade. Não há felicidade nas coisas finitas". O Sábio esclarece ainda mais: "Só o Ser é grande, tudo o mais é infinitesimalmente menor. Nada vemos, seja o que for, que não seja o Ser. Por preço muitíssimo insignificante - a renúncia ao ego - pode-se alcançar este Ser infinitamente grande. Mas esse preço insignificante tem que ser pago. Acontece que os seres humanos têm medo desse Estado. Não temem a existência dominada pelo ego, que é a fonte de todos os seus temores, porque acreditam que tal ego é eles mesmos, e desconhecem o Ser Real. Temem que se perderem o ego, deixarão de existir. Temem o Destemor, que é a inexistência do ego, e não temem o temor, que é o ego. Deveria ficar claro para eles, pela experiência de felicidade no sono, que a perda do ego não constitui prejuizo, muito ao contrário. Embora no sono não haja ego, ninguém tem medo de dormir. Por isso, por que devemos ter medo de perder o ego - a causa de todo temor - de uma vez por todas, e assim alcançar o Destemor?". 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Para Angela

 Todos necessitamos de perdão, porque todos somos falíveis e é pouco provável conseguir viver sem causar algum dano a alguém, consciente ou inconscientemente. Mas nem sempre basta perdoar (há quem afirme que perdoa , mas não esquece), ou melhor, como somos seres complexos, perdoar e se considerar perdoado, pode exigir um pouco mais de ambas as partes. Nesse caso, Angela, quem voce perdoou ( pelo seu amoroso caráter, tudo indica que voce perdoou) sabe que não há condições de se  reviver ou reatar algo, a vida seguiu seu curso. Provávelmente, essa pessoa carrega um peso profundo no coração e tudo indica que ela precisa lhe devolver algo, mesmo simbólico, para algum alívio, enquanto aguarda corajosamente a inevitável e pedagógica repercurssão de seus atos em si mesma.Dê-lhe essa chance. Sem Perdão, é impossível ter Paz.   

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Um Mundo? Um lugar?

Yoga Vasishtha é um antigo texto espiritual indiano (a idade, incerta, é apontada entre os séculos V e XIV dC), obra gigantesca, com mais de 30 mil versos. Nela, o Sábio Vasishtha transmite ao príncipe Rama os mais profundos ensinamentos de acordo com o Vedanta, segundo os quais, só existe uma única Realidade, "idêntica ao Eu mais profundo de cada um de nós, o Atma, que é o obervador, a consciência, a testemunha de tudo". Yoga, como todo praticante sabe (ou deveria saber) é a conquista desse estado mais profundo, que, ao contrário do que muitos acreditam, não é um mundo, nem um lugar, para o qual os libertos estão destinados agora ou após a morte. Pode-se mesmo dizer que a maioria das pessoas acredita que Libertação significa ir ou ser levado para algum tipo de mundo celestial. O Yoga Vasishtha esclarece: "A Libertação não está no cimo do céu, nem nas profundezas, nem na superfície da Terra. Ela é apenas a extinção da mente-ego, com todos os seus desejos", o que significa que o estado sem ego não se encontra nesse nosso reino da relatividade, nem poderia, por ser a total negação da relatividade.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sono e Despertar

Nós, seres humanos, temos necessidade de amar e ser amados. Precisamos da afeição de pais, amigos, namorados, namoradas, cônjuges, filhos... A maioria de nós, porém, não consegue reconhecer que esse desejo é, em essência, um anseio pelo Divino, uma busca da Divindade. Na verdade, a frustração  que experimentamos em nossas relações ocorre porque o amor que conhecemos e exprimimos no plano humano é, apenas , o reflexo  do Amor Verdadeiro que sempre habitou em nós. Nosso humano amor não deve ser evitado, longe disso, porque através dele qualidades divinas, como a compaixão e a generosidade, são desenvolvidas, estimulando-nos o desabrochar espiritual. Eis um dos valiosos ensinamentos do Budha Sidharta: "O que impede o ser humano de perceber a Luz sempre presente em cada um? É a ignorância, a identificação falsa da Natureza Real. A Luz Divina sempre brilha, mas o véu da ignorância a esconde. Esta ignorância é uma experiência direta e imediata e só pode ser removida por outra experiência direta e imediata - a Realização Divina. A diferença entre a ignorância e a Realização Divina é como a que existe entre o sono e o despertar".

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Verdadeiro Asceta

De que modo podemos, permanentemente, nos devotar ao Ser e, ao mesmo tempo, cumprir nossas atividades rotineiras, exigidas pelo meio social em que vivemos? Esta pergunta foi feita a um Sábio por alguém que viajou por muitas horas para conhecê-lo. Resposta: "Por que você pensa que é ativo? Vejamos o exemplo da sua vinda aqui. Você saiu  de casa, embarcou em algumas conduções, desembarcou e agora aqui se encontra.Se alguém lhe perguntar, você dirá que veio da sua cidade até aqui, não é? Mas, na verdade, você continuou como estava, apenas os meios de locomoção se moveram para trazê-lo. Assim como esses movimentos são tidos como sendo seus, também acontece com quaisquer outras atividades. Elas não são suas, são atividades de Deus". O devoto viajante não se contentou com a resposta e alegou que essa atitude o levaria a um simples esvaziamento mental e paralisaria qualquer trabalho. E o Sábio: "Tente realizar esse esvaziamento e depois me diga". E concluiu: "Um dono de casa, com mil responsabilidades, que não pensa 'Eu sou um dono de casa', é um verdadeiro asceta. Já o asceta, afastado da sociedade, que pensa 'Eu sou um asceta', não o é".

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Mente-Eu

Mais ensinamentos dos Mestres : "Três categorias integram a nossa relatividade - o mundo, a alma e Deus. A relatividade em que os seres humanos vivem é uma falsa aparência imposta pela mente-eu à Realidade. Esta é o elemento essencial de verdade nos três, obscurecida por nós pela aparência desses três. A origem da ilusão é a sensação do eu, que enquanto perdurar não haverá fim para a ignorância e a escravidão. Isto significa que somente nos libertamos quando nos tornamos sem-eu, porque o estado de libertação é o estado sem ego. Há outras formas de descrevê-lo: Sabedoria, Iluminação,Bem-Aventurança, Perfeição, Paz, ou simplesmente o Estado Natural. São descrições que procuram transmitir algumas idéias definidas desse estado, embora o consigam apenas pálidamente, porque a Libertação transcende todos os limites da linguagem e do pensamento. A felicidade que se obtém após a realização de qualquer desejo não somente é temporária, mas, mesmo enquanto perdura, é reduzida pelos espectros dos outros desejos não realizados. Tal não acontece com a Bem-Aventurança em que vivem os Sábios. No verdadeiro Ser está a plenitude da Bem-Aventurança, onde o desejo não consegue surgir. Ela é pura, completa e infindável, devendo-se ao fato de que o eu - ou seja, a própria raiz do descontentamento, do desejo e da febre de realizações - está morto de uma vez por todas, de modo que não poderá jamais soerguer-se".  

sábado, 22 de setembro de 2012

Personalidade

Fala o Mestre: "Personalidade significa existência  por si só, como um ser separado de todos os outros seres. A alegação para tal existência baseia-se na sensação do eu. A mente-ego é consciente de si mesma como consciente e inteligente. Essa consciência não é sua, mas uma fração diminuta da Consciência que é o Ser, assim como  a luz da imagem do sol vista num espelho é uma fração diminuta da própria luz do sol. A idéia de que a mente ou alma é um entidade consciente é descrita na Sabedoria Antiga como uma ação de furto. Esse furto deve ser desfeito mediante render a mente à Realidade, com o eu nela refletido, compreendendo-se que a Realidade é o Ser. É este o significado que nos mandam procurar na última linha do Gita: 'Refugia-te em Mim, renunciando a todos os teus dharmas'. Aqui dharma deve ser visto com um sentido mais amplo que o normal. Não quer dizer deveres ou comportamento; significa status ou atributos. A alma é um apanhado de atributos, o primeiro e principal dos quais é a personalidade. A esta temos que renunciar. A forma de realizar tal renúncia é a Busca do Ser".

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Deva e o Buda

O Buda estava um dia no Jardim Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva vestido de hábitos brancos como a neve e houve o seguinte diálogo:
Deva - Qual é a espada mais cortante? Qual é o maior veneno? Qual é o fogo mais ardente? Qual é a noite mais escura?
Buda - A palavra raivosa é a espada mais cortante. A inveja é o mais mortal veneno. A luxúria é o fogo mais ardente e a ignorância é a noite mais escura.
Deva - Quem obtém a maior recompensa? Quem sofre a maior perda? Qual é a armadura mais impenetrável? Qual é a melhor arma?
Buda - Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha. Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde. A paciência é a armadura mais impenetrável. A sabedoria é a maior arma.
Deva - Qual é o ladrão mais perigoso? Qual o tesouro mais precioso? Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
Buda - Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso. A virtude é o tesouro mais precioso. Recusa o que melhor se lhe oferece quem aspira a imortalidade.
Deva - O que atrai e o que repugna? Qual é a dor mais terrível? Qual é a maior felicidade?
Buda - O Bem atrai. O mal repugna. A maior dor é a má conduta. A libertação é a maior felicidade.
Deva - O que ocasiona a  ruína do mundo? O que destrói a amizade? Qual é a febre mais aguda? Qual é o melhor médico?
Buda - A ignorância arruína o mundo. A inveja e o egoismo destroem a amizade. O ódio é a febre mais aguda. O Buda é o melhor médico.
Deva - Tenho mais uma dúvida: o que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda - O benefício das boas ações.
Satisfeito o Deva com as respostas do Buda, com as mãos juntas se inclinou respeitosamente ante Ele e desapareceu.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Os Mestres Advertem

Cada um de nós é responsável por seus próprios atos e omissões. Dessa responsabilidade não podemos nos livrar. Nosso juiz supremo é a nossa própria consciência. Somente a ela devemos obediência em qualquer circunstância. Ninguém pode ser honrado ou desonrado por atos, palavras ou atitudes de outras pessoas, mas unicamente por seus próprios atos e suas palavras e atitudes. O que dizem, pensam ou propalam de nós, não é problema nosso, mas de quem assim procede, ao qual cabe toda a responsabilidade. Ninguém tem o poder de nos ofender. Quem nos ofende e maltrata são nossos próprios sentimentos inferiores feridos. Somos nós que distribuimos a nós mesmos felicidade ou desgraça, triunfo ou miséria. Nossa existência é um caminho construído por nós mesmos. Ninguém poderá percorrê-lo por nós: o karma de cada indivíduo somente poderá ser resgatado por ele próprio. Onde há amor não há pecado.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Plano da Semente

Um exemplo bastante conhecido nos faz lembrar que a semente tem em si todo o plano da fruta. Por ser do reino vegetal, plantas, assim como minerais e animais, evidentemente, não possuem consciência. Nós, seres humanos, dispomos de uma vontade particular, o que nos difere dos chamados reinos inferiores. Somos capazes de formular e sobrepor conceitos, o que nos oferece o domínio do presente (hoje, agora, está acontecendo isto), do passado (ontem ocorreram tais coisas) e de parte do futuro (amanhã é meu aniversário). Nós temos planos, projetos, anseios, desejos, esperanças, dúvidas. Enquanto o animal conhece e enfrenta somente na hora em que acontecem a fome, o cansaço, o perigo e a morte, seres humanos, conscientes desses padecimentos, antecipam as respectivas agonias. E sofrem. Entre nós predominam as vontades (eu quero, eu vou, eu faço, eu gosto, eu detesto...) o que nos faz viver para comer, beber, dormir, reproduzir (nesse ponto muito nos assemelhamos aos animais) e buscar incessantemente um meio de ser feliz. A felicidade precisa ser encontrada com algo ou alguém. Nunca em nós mesmos. Antigo texto hindu nos descreve: seres humanos são feitos de desejo (kama); conforme seu desejo será sua vontade (kratu); conforme sua vontade, sua ação (karma); cada ação gera uma reação, responsabilizando o livre arbítrio. O que se contrapõe à nossa vontade individual é a chamada "Vontade Cósmica" (um termo impróprio, porém mais adequado para o nosso entendimento), que contraria kama e kratu, provocando uma reação que origina a dor. A dor, antes de tudo profundamente pedagógica, nos acompanhará até entendermos sua origem e tratarmos de eliminá-la, o que se dará quando nos convencermos de que, tal como a semente da fruta, somos portadores do inigualável e amoroso "Plano Divino", tendo ignorado, até então, onde reside a verdadeira Felicidade.

terça-feira, 17 de julho de 2012

A Meditação do Monge Tibetano

Ensinar o mundo a meditar para viver melhor é uma das missões do Monge tibetano Segyu Rinpoche. Carioca, 62 anos, ele vive na Califórnia há 30 anos. Recentemente esteve no Rio, em visita a uma clínica de dependência química, onde médicos puderam ouvi-lo falar sobre medicina tibetana, que vê o paciente como corpo, mente e energia. A seguir, trechos da entrevista que Segyu Rinpoche concedeu à repórter Viviane Nogueira, de O Globo. - Essa idéia de a meditação ajudar só na enfermidade é ocidental. A meditação é um processo para engrandecer a vida e isso inclui estar feliz, alegre. Muda a perspectiva da vida: o sexo, as relações pessoais, tudo fica mais potente. - Meditar é o ato de se concentrar em um objeto que expande e enriquece a mente. Você se prepara, senta e se concentra em um objeto neutro, que pode ser uma cor, um mantra, a respiração... E começa. - Eu medito 24 horas por dia. Como? Eu medito entre uma hora, uma hora e meia, sentado diariamente, mas quando eu me levanto eu não abandono a minha meditação. Estou atento. Percebo a cada momento o modo de ser, estou presente no momento, não estou imaginando o futuro ou numa melancolia do passado. Ao mesmo tempo posso analisar esses fatores para crescer, para entender o dia a dia, isso é uma verdadeira meditação. É evidente que é preciso ter o hábito de sentar pelo menos cinco minutos por dia, de uma boa meditação, para começar a ter efeito. Coloque a mente de volta ao objeto de meditação a cada dispersão e aí realmente você começará a aumentar o tempo gradativamente, porque vai sentindo os efeitos. Em 2004, Rinpoche teve um câncer na garganta. Ele garantiu que durante o tratamento de rádio e quimioterapia não usava remédio para a dor, apenas meditava. - Eu meditava na dor, por isso não tomava remédio. Eu deixei de sentir dor? Não. Sofri porque estava com dor? Não. Eu tinha dor, mas não tinha sofrimento. A doença me mostrou que funciona, minhas meditações não foram em vão.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Yoga do Chapeuzinho

Numa recente semana da Páscoa, a TV exibiu uma reportagem sobre o "Yoga do Chocolate", que acabara de surgir na Califórnia, EUA.  Ao ser entrevistada, a professora responsável pelo "achado" explicou e demonstrou, com a ajuda de uma pequena turma, que a nova técnica consistia em aplicar um tipo de bombom, especialmente produzido e "energizado" por ela, diretamente sobre cada um dos pontos correspondentes aos sete chacras, enquanto os alunos permaneciam deitados, na postura de relaxamento, e faziam determinadas mentalizações. Em seguida, praticava-se uma meditação, em que os bombons eram comidos, um a um. Pode parecer piada, mas a reportagem era séria.
Na verdade, virou moda inventar um meio "diferente" de praticar exercícios, destiná-lo a determinado público e batizá-lo como um tipo de Yoga. Desde yoga para bebês (baby yoga, é importante um título em inglês), até o inusitado dog yoga (isto mesmo, yoga para cães, afinal, eles também se estressam....).
E a lista de novidades continua crescendo: acabam de chegar ao "mercado", yoga hormonal (própria para mulheres enfrentarem a TPM), yoga restaurativa (exclusiva para humanos estressados) e hot yoga (o negócio é suar, num ambiente fechado, a 42 graus Celsius). Sem esquecer do yoga da piscina, yoga da cadeira, yoga do poder...
Modismo, culto ao corpo, lances mercadológicos, ou mesmo pura picaretagem, a intenção é atrair público excluindo a finalidade última do Yoga, que é o autoconhecimento para o alcance dos mais elevados objetivos espirituais. Uma nossa excelente atriz proclama que pratica Yoga há muitos anos, "mas sem qualquer conotação espiritual". Já uma famosa roqueira nacional garante (professora ao lado, durante a entrevista), que "Yoga, sem música pop ao fundo, não funciona pra mim".
Certamente tais criações funcionam muito bem para seus criadores, embora nenhum sucesso se compare ao obtido pelo inventor do yoga do chapeuzinho no ó, ou yôga, somente para jovens de classe média alta. As más línguas asseguram que ele está rico.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Felicidade e o Mundo

Não podemos existir sem desejos, preferências e aversões. Mas podemos exercitar a discriminação que nos convencerá a respeito da essência limitada e mutável de tudo que nos cerca, quer sejam situações, objetos, pessoas - o mundo, enfim. Sejamos rigorosos na seguinte avaliação: é possível realizar um desejo, sem que outro desejo surja logo em seguida? Existe algum ganho absoluto, sem a perda de algo ou alguém? Se o que buscamos é a felicidade duradoura (e todos, sem exceção, queremos ser felizes), como construí-la na dependência do que pertence à impermanência do tempo-espaço? É com essa discriminação que poderemos reconhecer o valor relativo do que, até então, consumia nosso talento, nossa energia e merecia nosso total interesse. É verdade que está disseminado o conceito de que os prazeres da vida devem ser aproveitados ao máximo, enquanto durem, já que "o futuro a Deus pertence". Futuro? Se a cada respiração, a cada batimento cardíaco, estamos no futuro, porque não iniciar, agora, o despertar da Consciência Cósmica, não para abandonar o mundo, mas para desprezar a grande ilusão, segundo a qual somente o mundo é capaz de nos oferecer a felicidade?

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O Homem Soberano

Meu Mestre disse: "Tudo que age em tudo e em nada se imiscui, é o céu.O Homem Soberano reconhece isto, esconde-o no coração, torna-se ilimitado, de mente larga, tudo atrai a si. E, assim, deixa o ouro permanecer oculto na montanha, deixa a pérola repousar nas profundezas, bens e posses não são vantagens a seus olhos. Ele está acima da riqueza e da honraria. A vida longa não é alvo para a alegria, nem a morte prematura à tristeza. O sucesso não é para ele orgulho, o erro não é vergonha. Tivesse ele todo o poder do mundo, não o consideraria seu. Conquistasse tudo, não o levaria consigo. Sua glória está em saber que tudo está resumido no Uno. E que a vida e a morte são idênticas". (Chuang Tzu, grande Mestre do Tao, III AC).

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A Gaivota

Uma gaivota conseguiu pegar um enorme peixe. Foi o suficiente para despertar a cobiça das demais gaivotas, também à procura de alimento no mar, que, imediatamente, passaram a atacá-la, tentando arrancar-lhe a preciosidade. Por alguns instantes a gaivota tentou resistir, lutando com todas as suas energias em defesa do que havia conquistado. Até que tomou uma sábia decisão: abriu o bico, deixando escapar a causa de tanta ambição das demais, que continuaram lutando entre si, mergulhando em busca do troféu. E a solitária gaivota partiu, despojada, mas em paz, certa da sua capacidade de continuar desfrutando da inesgotável generosidade que o oceano sempre lhe reservara.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Quem Sou Eu (Parte Cinco)

Ensinam os Sábios: "Enquanto perdurar a idéia de individualidade, todas as pesquisas filosóficas serão inúteis, porque não poderão nos salvar da ignorância primordial". Enquanto a mente identificar o Ser Real com o intelecto, permaneceremos convencidos de que há uma individualidade que precisa ser preservada a todo custo, isto é, prevalecerá o egoismo cada vez mais fortalecido. Vale para qualquer ser humano, desde o mais festejado PhD ao indivíduo mais simples e humilde. A própria alma individual é uma entidade criada pelo intelecto, já que, segundo o Vedanta, não existe base para a existência de qualquer entidade própria isolada do Ser Supremo, a nossa verdadeira Essência. Os textos sagrados garantem: "Não há um vidente, um audiente, um pensador, um conhecedor, que não seja este Ser. Não existe ninguém senão Ele, que vê, ouve, pensa ou sabe. Nós somos este Ser". Sou fulano, sou o autor das ações, sou feliz, sou infeliz, diz o "eu", única fonte de todas as nossas experiências na vida. Nenhum pensamento está livre deste "eu", rabugento, ranzinza, sempre reivindicando o que lhe agrada e repudiando o restante, por isso mesmo, inteiramente exposto ao sofrimento.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Quem Sou Eu? (4)

A sensação do eu é a origem de toda ilusão, obscurece a Realidade e enquanto prevalecer, a ignorância ( Quem sou eu?) e a escravidão (que nos submete às interpretações da mente) não terão fim. Os Mestres nos asseguram, e provam com o seu próprio exemplo, que somente nos libertaremos quando nos tornarmos sem ego, isto é, "sem eu". O ego é um estado de consciência, que precisa ser superado, transcendido, para que "Quem sou eu?" se desvele. Como foi dito anteriormente, a resposta para o título desta série pode surprender, porque simplesmente não existe, ou melhor, qualquer resposta será insuficiente, porque gerada pelo conhecimento convencional, acadêmico, intelectual. A resposta implica em atingir o Estado Sem Ego - também descrito como de Libertação, de Sabedoria ou Iluminação, de Perfeição, Paz, ou simplesmente Estado Natural, indefinível, em qualquer dos casos.
A tradição do Yoga (e as tradições sagradas de todo o mundo) assegura que somos essencialmente Consciência e Energia (cit e shakti), muitíssimo além das limitações do corpo físico, que nos levam à medíocre rotina diária de comer, beber, dormir, fazer sexo, trabalhar e divertirmo-nos ( reparem na semelhança com a vida dos animais...).
O Yoga nos leva ao alcance de experiências de cuja existência somos incapazes de suspeitar, dando ao praticante a capacidade de adotar um relacionamento notóriamente diferente com as atividades comuns da vida, para transformá-las em ocasiões sempre extraordinárias, e sobretudo, habilitá-lo a atingir o principal objetivo de toda jornada humana: o atingimento da Consciência-Resposta para Quem Sou Eu?.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quem Sou Eu ? (3)

Tudo aquilo que pensamos, falamos e fazemos é resultado de uma conceituação construida pelo intelecto, pela mente. O Yoga nos leva a transcender a mente, sem o que, torna-se impossível alcançar a Realidade Suprema, que,segundo os antigos Sábios da India, é transconceitual (nirvikalpa), não-qualificada (nirguna) e sem forma (arûpa). De acordo com esses ensinamentos, nossas conceituações não possuem "essência", ou seja, não têm realidade independente. Eis a razão do que os Yogues chamam de "ignorância fundamental", que pode ser resumida na auto-indagação "Quem sou eu?". 
Observem como é esclarecedor esse texto de Georg Feuerstein, conceituado pesquisador, fundador e presidente do Yoga Research and Education Center, na Califórnia, autor, entre outras obras pertinentes, do best seller "A Tradição do Yoga". Diz ele: "Todas as coisas que vêm a ser dependem de determinadas causas e condições ou daquilo que na moderna ecologia se chama de "teia da vida" ou "interligação". Quando pensamos numa estrela, por exemplo, temos de admitir que ela não é uma coisa estável, mas um processo muito complexo e de duração limitada. O  mesmo vale para nosso corpo, nossa mente e todas as coisas concebíveis. (O grifo é nosso). Porém, para nos orientar nesse mundo de aparências, temos de construir "artificialmente" um cosmo habitado por coisas estáveis, como que dotadas de uma existência intrínseca. O problema é que começamos a levar essas coisas muito a sério - entre elas o nosso corpo e a mente - e começamos a reagir a elas, desejando-as ou rejeitando-as. No caso do corpo, chegamos ao ponto de nos identificar com ele e por causa disso sofremos consequências negativas de todo tipo, especialmente o medo da morte". (Continua...)   

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lembre-se

Faça Yoga para ser melhor para os outros e não melhor que os outros. (Hermógenes)l

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Quem Sou Eu ? (Parte 2)

Podemos responder à pergunta "Quem sou eu?" com a afirmação de todo bom estudioso e devoto espiritualista: "Eu sou  Espirito Eterno, temporáriamente habitando um corpo físico." Constatação adequada, mas, ainda assim, resultante de um aprendizado, de uma experiência mentalmente armazenada, de um conhecimento meramente intelectual, incapaz de promover a descoberta do Verdadeiro Ser que buscamos. Resposta incompleta em razão do limitado nível de consciência em que ainda nos encontramos. Uma resposta "humana". Para transcendê-la, é preciso ultrapassar os limites do encarceramento humano, expandindo a consciência.
À propósito, vejamos o que nos diz Swami Satyanada Saraswati, fundador da Bihar School of Yoga, India, num texto publicado em junho de 1981: "O que é a expansão da consciência? Expandir significa romper as limitações da  mente individual. Os sentidos fornecem os estímulos e a mente atua com base nesses estímulos. Esta é a limitação da mente humana comum,porque as percepções sensoriais dependem da qualidade do sistema nervoso sensitivo. O conhecimento é uma qualidade da mente ou depende dos estímulos que são enviados ao cérebro? A consciência é uma entidade homogênea. Mesmo sem a integração dos sentidos, é possível ter o conhecimento, a cognição e a percepção. Normalmente, não possuimos esta percepção supersensorial porque a nossa consciência não oferece oportunidade para experimetar sua natureza homogênea. A mente, a consciência, é uniforme, mas não está atuando integralmente. Se soubermos como ativar as áreas misteriosas da consciência, poderemos experimentar o estado homogêneo da Mente Universal e atingir a Percepção Absoluta".
Como ativar essas "áreas misteriosas da consciência" para obtermos a percepção absoluta que nos levará ao encontro da verdadeira resposta para "Quem Sou Eu?". Não é tarefa das mais fáceis, embora relativamente muito simples. (Continua...)


     

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quem Sou Eu?

Feche os olhos. Concentre-se no interior das narinas e, ali, procure perceber a respiração, sem provocá-la, por uns poucos segundos.Repare na entrada e na saida do ar, ocorrendo naturalmente. Em seguida, responda: quem é este que, neste exato momento,  está observando a própria respiração? Resposta óbvia: eu.
Agora, mude o foco da atenção para o próprio corpo, percebendo-o aos poucos, dos pés à cabeça, sem pressa, detendo a atenção em cada ponto por alguns instantes. Novamente, responda: quem está obervando o próprio corpo, neste momento? A resposta continua sendo óbvia: eu.
Porque eu observo minha respiração, cada parte do meu corpo e tudo o mais em que eu coloco minha atenção. Eu sou capaz de registrar e avaliar tudo o que os meus cinco sentidos me informam. Mas, quando eu fecho os olhos e faço um simples exercício de concentração como o que foi sugerido acima, e pergunto: quem sou eu?, qual será a resposta? Quem observa o quê? Os sentidos captam. O cérebro registra. A mente processa, "devolve" o resultado e eu o utilizo. Eu, quem? Certamente eu não sou os sentidos, nem a mente, muito menos o cérebro ou qualquer outra parte do corpo, muito menos o próprio corpo, nem todo esse conjunto. Responda, então: quem é você? 
Não vale responder com os dados sociais (nome, profissão, etc.). Nem com o resultado antropológico: eu sou um ser humano; porque um ser humano é um corpo, um cérebro pensante... e já concluimos, lá em cima, que eu não sou nada disso... Afinal, quem ( ou o que) é voce? Continue se perguntando : quem sou eu?
A resposta costuma nos surpreender, como veremos mais adiante...