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Seja sempre o Bem vindo

YOGA’S CITTA VRTI-NIRODHAH

Yoga é a inibição das modificações da mente
(Patânjali –Sec. II ou IV DC )

Somos seres espirituais. Cada um de nós, em Essência, é um Ente Divino. Nossas potencialidades são infinitas. Descobri-las é um feito fantástico. Dinamizá-las e manifestá-las é nosso maior desafio (além de ser um direito exclusivamente nosso). Ao aceitá-lo, assinamos um pacto com a Vida, renunciamos ao espectro da morte, abandonamos a perspectiva de uma existência humanamente frágil, enriquecemos nossa habilidade de viver e nos tornamos efetivamente capazes de ajudar o mundo a ser melhor.

Eis o objetivo, tão pura e simplesmente, do Yoga. Sem subterfúgios, sem tolas discussões sobre formas, acentuações gráficas e outras meras modalidades mercadológicas. Yoga é para ser praticado sempre sem perder de vista o desabrochar do Divino, a superação da egolatria, a vitória final sobre as sombras da ignorância fundamental. Superada esta é que ocorrerá o Grande Despertar e, finalmente, a Porta do Sol irá se abrir.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma Descrição do Êxtase Divino

O êxtase da Consciência Divina, ou Samadhi, meta de todo aspirante do Yoga, está maravilhosamente descrito por Paramahansa Yogananda, em sua Autobiografia de um Yogue (Bestseller, SP), num impressionante relato do primeiro atingimento que obteve, graças à interferência do seu Guru, Sri Yukteswar. Leia a seguir:
"Meu corpo tornou-se imóvel como se tivesse raízes. O alento saiu de meus pulmões como se um ímã enorme o extraísse. Instantaneamente o espírito e a mente romperam com sua escravidão ao físico e jorraram de cada um de meus poros com luz perfurante e fluida. A carne parecia morta e, contudo, em minha intensa lucidez, eu percebia que nunca antes estivera tão plenamente vivo. Meu senso de identidade já não se achava confinado à estreiteza de um corpo, mas abarcava os átomos circundantes".
"Pessoas em ruas distantes pareciam mover-se suavemente em minha própria e remota periferia. Raízes de plantes e árvores eram percebidas através de uma tênue transparência do solo e eu distinguia a interna circulação da seiva. A vizinhança inteira surgia desnuda diante de mim. Minha visão frontal comum havia se transformado em vasto olhar esférico que percebia tudo simultaneamente. Através de minha nuca, vi homens caminhando além da distante viela da Rai Ghat e também notei uma vaca branca aproximando-se preguiçosamente. Quando ela chegou à porta aberta do ashram, observei-a como se o fizesse com meus dois olhos físicos. Depois que passou para trás do muro de tijolos do pátio, continuei a vê-la claramente."
"Todos os objetos dentro de meu olhar panorâmico tremiam e vibravam como rápidos filmes cinematográficos. Meu corpo, o corpo de meu Mestre, o pátio com suas colunas, a mobília, o assoalho, as árvores e a luz do sol, tornavam-se, de vez em quando, violentamente agitados, até que tudo se fundia num mar luminescente, assim como cristais de açúcar mergulhados num copo d'água diluem-se depois de sacudidos. A luz unificadora alternava-se com materializações de formas e as metamorfoses revelavam a lei de causa e efeito na criação. Uma alegria oceânica rebentava nas praias serenamente intermináveis de minha alma. Atingi a realização de que o Espírito de Deus é beatitude inesgotável. Seu Corpo compreende incontáveis tecidos de Luz".
"Um sentimento de glória crescente dentro de mim começou a envolver cidades, continentes, o planeta, os sistemas solares e as constelações, as tênues nebulosas e os universos flutuantes. O cosmo inteiro, suavemente luminoso, semelhante a uma cidade vista de alguma distância à noite, cintilava dentro da infinidade de meu ser. Para além de seus contornos definidos, a luz ofuscante empalidecia ligeiramente nos confins mais longínquos; ali eu via uma radiação branda, que nunca diminuía. Era indescritivelmente sutil; as figuras dos planetas constituíam-se de uma luz mais densa".
"Os raios luminosos dispersavam-se oriundos de uma Fonte Perpétua, resplandecendo em galáxias, transfiguradas com auras inefáveis. Vi, repetidas vezes, os fachos criadores condensarem-se em constelações e depois dissolverem-se em lençóis de transparente chama. Por reversão rítmica, sextilhões de mundos transformavam-se em brilho diáfano e, em seguida, o fogo se convertia em firmamento. Conheci o centro do empíreo como um ponto de percepção intuitiva em meu coração. Esplendor irradiante partia de meu núcleo para cada parte da estrutura universal. O beatífico amrita, néctar da imortalidade, corria através de mim, com fluidez de mercúrio. Ouvi ressoar a Voz Criadora de Deus, o Prânava OM, a vibração do Motor Cósmico".

sábado, 19 de setembro de 2009

Simplicidade da Essência

Nós, seres humanos, como regra geral, vivemos perturbados pela desordem dos pensamentos, impossibilitados de vislumbrar a Luz, imersos que estamos na penumbra de temores, apegos e aversões; do fugidio prazer, da inevitável, indescritível e intransferível dor. É o nó na garganta, o suor frio, o corpo trêmulo, o coração descompassado, a sensação de vazio... É a impossibilidade de praticar os atos mais corriqueiros, como ser cordial com os demais, ou os mais essenciais, como conciliar o sono no momento propício.
Recorro a Krishnamurti (1895/1986), que adverte: "Mesmo quando repetimos certas palavras de profunda significação, vivemos, em geral, num mundo verbal, num mundo de ações e emoções superficiais. Nossa mente é sem profundidade, mesquinha, estreita, e um dos problemas mais importantes da vida é como tornar essa mente profunda, rica e serena. A mente carregada de conhecimentos, não é uma mente rica. Só o é aquela que penetrou fundo em si mesma e descobriu seus próprios e inumeráveis recessos, suas secretas idéias e motivos, e é capaz de penetrar e transcender o pensamento". ("O Homem Livre", Ed. Cultrix, SP, 1978).
O Yoga nos ensina que sem interesse e disciplina, sem coragem para se desfazer do supérfluo - tantas vezes disfarçado em imprescindíveis atributos intelectuais - será cada vez mais difícil ter acesso à simplicidade da Essência, à sempre renovada força do Universal em cada um, aos fundamentais e inesgotáveis recursos inspiradores e, efetivamente, transformadores do Espírito.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Filhos da Cultura Horizontal

A vida comum de uma criatura humana, ensinou Sri Aurobindo (1872/1950) "se compõe de uma massa parcialmente fria, parcialmente fluida, de pensamentos, percepções, sensações, emoções, desejos e alegrias defeituosamente ordenados: de atos que são, em maior parte, habituais e repetidos, todos centralizados em um ego superficial".
O extraordinário pensador e sábio indiano dizia que a vida, unicamente a vida, é o campo ideal para a prática do Yoga, isto é, "para a transformação de nossa maneira humana de pensar, sentir, ver e ser caracteristicamente superficial, estreita e fragmentária - em uma profunda e ampla consciência espiritual, em uma existência interna e externa integrada".
A orientação, portanto, é no sentido de harmonizar os interesses e os ideais humanos com o propósito divino. É dar à nossa existência a perspectiva do Espírito, um plano de vôo em que a meta a ser alcançada é a Consciência de Deus, em que cada atividade, cada ação ou intenção, em particular, sirvam, não de obstáculo, mas de apoio a esse encontro.
O ensinamento de Mestres Espirituais, como Aurobindo, frequentemente ressalta o fato de que nós, seres humanos, nos habituamos ao turbilhão do cotidiano, o que nos faz perder a capacidade de perceber a plenitude da vida se expressando à nossa volta.
De fato, é impressionante o número dos que se tornam vítimas da alienação, não só do ambiente em que vivem, como de si mesmos, como filhos da cultura horizontal.