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Seja sempre o Bem vindo

YOGA’S CITTA VRTI-NIRODHAH

Yoga é a inibição das modificações da mente
(Patânjali –Sec. II ou IV DC )

Somos seres espirituais. Cada um de nós, em Essência, é um Ente Divino. Nossas potencialidades são infinitas. Descobri-las é um feito fantástico. Dinamizá-las e manifestá-las é nosso maior desafio (além de ser um direito exclusivamente nosso). Ao aceitá-lo, assinamos um pacto com a Vida, renunciamos ao espectro da morte, abandonamos a perspectiva de uma existência humanamente frágil, enriquecemos nossa habilidade de viver e nos tornamos efetivamente capazes de ajudar o mundo a ser melhor.

Eis o objetivo, tão pura e simplesmente, do Yoga. Sem subterfúgios, sem tolas discussões sobre formas, acentuações gráficas e outras meras modalidades mercadológicas. Yoga é para ser praticado sempre sem perder de vista o desabrochar do Divino, a superação da egolatria, a vitória final sobre as sombras da ignorância fundamental. Superada esta é que ocorrerá o Grande Despertar e, finalmente, a Porta do Sol irá se abrir.

sábado, 28 de novembro de 2009

Você sabe respirar?

É fundamental entender a importância das implicações psicológicas e espirituais contidas no ato de respirar.Há publicações especializadas sôbre o assunto, principalmente as que se referem às técnicas de Pranayama,  que convém consultar. Prana significa alento vital. Yama quer dizer controle, pausa, retenção. Pranayama, portanto, é a técnica de controle das energias vitais, inclusive as mais sutis. Controle que se exerce principalmente pela respiração.
Confira, agora, se você respira corretamente. Talvez você se surpreenda com a conclusão. Faça essa experiência de maneira muito suave: a inspiração deve ocorrer com a simultânea projeção do abdômen; já a expiração, ao contrário, fará o abdômen recuar.
É assim que se utiliza corretamente o diafrágma, principal músculo da respiração, espécie de cinta, na base da caixa toráxica, como se dividisse o corpo humano ao meio. Observe o movimento da barriguinha dos bebês, durante a respiração: ela se expande, na inspiração, e se retrai, ao expirar. Com o tempo, a tendência da esmagadora maioria dos seres humanos é inverter esse processo, ocasionando uma série de prejuizos à harmonia físico-mental.
Sempre há tempo para corrigir um erro tão grave e tão comum. Treine bastante, o tempo todo, já que não se vive sem respirar... O assunto será retomado nas próximas postagens.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Porque Sofremos - 6

A intenção de reconhecidos sábios, como Patânjali, ao nos legarem preciosas conceituações como a dos Kleshas, destina-se a nos levar a identificar as verdadeiras origens de nossa escravidão e as formas de vencê-las. Trata-se, é verdade, de um quadro tenebroso, aqui apenas sintetizado para acentuar a necessidade que temos de buscar a vitória sobre Avidya (a ignorância fundamental). Ao desmoralizar Avidya, gradativamente desmascarando cada engôdo que dela resulta, passamos a melhor entender o significado desta conclusão dos Upanishads sobre o estado da criatura assim desperta: "Um homem cego não é mais cego, um homem ferido não está mais ferido, e um homem que sofria já não sofre mais".

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas 4 e 5

Dvesha - Aversão. O que ameaça nossos apegos deve ser repudiado. A intolerância, o preconceito e o ódio, por exemplo, são típicos das situações criadas por Dvesha, razão de tantos e conhecidos infortúnios.
Abnivesha - Apego à existência ou, simplesmente, medo de morrer. Imersos em avidya (a ignorância cósmica), sem a perspectiva espiritual, tendo obscurecida a consciência da inerente divindade do ser, acentua-se em nós o temor de deixar o palco da vida de superfície que tanto nos atrai. O medo do desaparecimento físico é proporcional à ausência da confiança em Deus.
Como se vê, um mundo de tensões e ansiedades tem origem nos Kleshas, levando-nos - felizmente com muita frequência - a nos sentirmos imprestáveis, a buscar algo que nos conduza para fora da região turbulenta do atrito, do litígio, do choque de paixões. Felizmente, porque quase sempre é assim que somos melhor despertados - pela dor.

sábado, 7 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas - 2 e 3

Asmita - Egoísmo. A ignorância (Avidya) de nossa verdadeira condição (a condição divina) impulsiona a ação voltada para a satisfação de meros projetos pessoais, alienando o projeto divino. Faz-nos acreditar que somos, apenas, seres sociais. Leva-nos a viver somente para a busca e a afirmação dos valores que representam o meio em que vivemos. O que acaba por reforçar o egoísmo.
Raga - Apego. Ignorando o projeto divino, priorizamos o interesse humano, relegando a busca espiritual. Nosso esforço é dirigido para o que mais nos gratifica os sentidos (até mesmo sob formas muito sutis) e sua retenção junto de nós. Desde uma ambição desmedida, até uma ação caridosa, são inúmeras as armadilhas de raga. Em resumo, elegemos o que a ignorância cósmica (Avidya) nos faz considerar melhor, acentuamos o egoísmo (Asmita) e nos apegamos ao resultado. Raga gera mais frustrações, já que somos incapazes de reter qualquer objeto ou situação para nossa satisfação.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Porque sofremos - Kleshas

Para o Yoga, o que nos leva ao sofrimento parte de um pernicioso condicionamento mental. Tão pernicioso que nos torna incapazes de perceber o que a vida nos reserva além do que nos chega através dos sentidos comuns, induzindo-nos a buscar a felicidade, principalmente (ou, nos casos mais graves, exclusivamente) na satisfação desses mesmos sentidos. O que provoca esse condicionamento é chamado pelo Yoga de Kleshas (pronuncia-se com o "e" fechado). Literalmente, a palavra sânscrita significa dor, aflição, miséria, tendo seu uso continuado, porém, passado a representar as causas da dor existencial, isto é, os transtornos  do existir, do viver para o que está do lado de fora do ser, no mundo objetivo.
Kleshas são os obstáculos no caminho para a busca de níveis de consciência superior. Impedem ou retardam nosso avanço espiritual. Dificultam o desabrochar, o desenvolvimento e a plenificação do que temos de mais refinado, da qualidade divina latente, comum a todos nós. Enquanto qualquer um dos Kleshas prevalecer, continuaremos subjugados à insegurança psicológica, afeitos a rancores e temores, sem condições de desfrutar da felicidade perene, procurando-a, em vão, num mundo exclusivista, impondo barreiras à manifestação dos nossos indispensáveis e permanentes atributos divinos.
Patânjali, o sábio indiano codificador do Raja Yoga, o Yoga Real (veja o texto de abertura deste Blog), estabeleceu em cinco o número de Kleshas, síntese até hoje considerada admirávelmente perfeita para o estudo e a reflexão filosóficos. Para tornar mais agradável a presente leitura, cada um dos Kleshas será publicado em postagens diárias sucessivas, a partir do primeiro, que origina os demais.
Avidya - Ignorância, no sentido cósmico (a palavra Vidya quer dizer Sabedoria: o sufixo "a" lhe dá  significado contrário). O que julgamos verdadeiro não passa de um embuste, porque sujeito ao ciclo nascimento-morte-nascimento. Mesmo assim é o que mais valorizamos, dada a sua grosseira evidência e em face do nosso envolvimento por Avidya, que nos faz viver para o fenômeno e desprezar o nômeno. Em grego, fenômeno significa irreal e nômeno, real. Em consequência, permanecemos sujeitos às existências sucessivas (reencarnações), no mundo dos fenômenos, no mundo de Avidya - onde prevalece o sofrimento.